terça-feira, 15 de junho de 2010

Sublimação-Hesaú Rômulo

Sublimação

O meu devir acontece a cada segundo

Quando te imagino, -aparece-me em pensamento-

Quando este segundo quer escapar

Prendo-te em mim com esses versos

Então aprontamos uma eternidade vespertina.

O meu devir é o teu desejo de permanecer de olhos fechados

Estática sobre o meu corpo –também estático- encoberto pelo dia.

O segredo da semana é assassinado em meia, uma hora de vozes

[intercaladas por momentos de prazeres silenciosos.

O segredo da semana é destituir todos os relógios da casa

É aguardar que a noite chegue e os sonhos vençam os anseios,

Que a escuridão dos pensamentos se apavore com uma luz solitária de saudade

[que brilha dentro de um quarto, de um corpo que deseja um desejar latente.

O meu devir é a passagem instantânea entre estados permanentes da alma

É desfazer as horas que me perseguem nos dias úteis

Refaze-las dentro daquele segundo que agora já não vejo

Deveras nunca vi segundo algum ao teu lado, apenas senti e os sinto, indo de mim para ti, nesse fluxo absoluto que sustém minha vida!

Hesaú Rômulo

26 de setembro de 2008

São Luís-MA

Flores e Canetas-Hesaú Rômulo

Flores e Canetas


Não lembro a última vez que te dei flores
talvez por que nunca dei mesmo...


[...]e fico te imaginando coberta de pétalas[...]
Pensando que eu poderia te dar flores
poderia desenhar umas flores,
mas não poderiam ser flores baratas
afinal, "toda mulher gosta de rosas"
[...]e fico te imaginando coberta de pétalas caras[...]
Desfilando por algumas horas, ligando pras amigas
colocando toneladas de fotos no orkut
antes que as flores murchem
ou antes que eu me arrependa de tê-las comprado no cartão
[...]e fico me imaginando coberto de faturas a pagar[...]
Enquanto tu te esforças pra buscar na mente
qual foi o dia que tu recebeu tal ramalhete
por que o cartãozinho de palavras não-minhas já não existe
jogamos sem querer na máquina de lavar
[...]e fico imaginando quantas latinhas poderia ter comprado[...]
Agora estamos um tanto "chateados"
não vejo teu rosto na hora de dormir
por causa disso decidi não pagar a conta.
Pelo menos, estamos aproveitando o vaso da planta
[...]e fico imaginando que realmente as flores têm poder[...]


Hesaú Rômulo.
São Luís, 07 de novembro de 2009.

Eis o Homem-Hesaú Rômulo

Eis o Homem

Ainda é o homem quem sustenta a humanidade

Atlas mitológico de orgulho secular

Homo faber; criador da criatura, arquitetura

Ciência e sustentabilidade, aquecimento e preconceito

Faz e desfaz no movimento glorioso

Topo no processo de invenção do mundo

Testículos que construíram a História

Assinando com sangue menstrual autoria majestosa

Eis que o homem não coexiste com o poeta

É necessário que se anule um para o outro viver.

Jogo ferrenho de egos e testosterona

Abismo colossal para uma razão abortada!

- Que poeta que sou? Que homem que fui?

Quem fala de mim ignora-me por completo –

A fuga desesperada para longe de certezas

Repousa no mistério eterno de criar enigmas

Morte e nascimento, objeção e submissão

Quando este fala aquele cala

Quando um aceita, o outro cospe.

Poeta que não fui, homem que ainda sou!

Hesaú Rômulo

São Luís, 4 de abril de 2010.


segunda-feira, 26 de abril de 2010

Febo Apolo

Febo, após a Aurora, mancha o céu de um amarelo-ouro.
Passa orgulhoso, queixo erguido, peito austero,
Como um escudo espartano.

Embaixo, na terra dos prometeus,
Uma criança humana brinca,
Feliz de sua mortalidade.

(Rodrigo Della Santina)

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Alma de poeta

Minha alma é jovem como um poeta inato:
Guarda em seu íntimo a necessidade
Austera de contemplar-se a si, fazendo
O todo não ser mais que a própria parte.

(Rodrigo Della Santina)

terça-feira, 20 de abril de 2010

A cortina

Diante da cortina aberta,
Eu olho o mar (que, como um deus,
Descansa), imerso em devaneios.

Como se o mar me preparasse
Armadilhas para apanhar
Minhas ânsias e meus receios...

(Rodrigo Della Santina)

quinta-feira, 25 de março de 2010

Q dolor me agasta o peito?

A Fabi


Q dolor me agasta o peito?
Q rezão me leixa assi?
Olhade uós meo tromento:
Prouvelando só com mi!

Polo error uejo dereito,
Polo nô entendo si.
Q dolor me agasta o peito?
Q rezão me leixa assi?

Vou freguado, sẽ folgança,
Muy trogalha y tam subjeito
Ás avenças da mudança,
Xaminando ũa esperança.
Q dolor me agasta o peito?

***

Leixa = deixa
Prouvelando = falando muito e sem sentido
Freguado = atormentado
Folgança = felicidade
Trogalha = desajeitado
Xaminando = examinando

(Rodrigo Della Santina)