sábado, 19 de dezembro de 2009

A Tentativa-Hesaú Rômulo

A tentativa



Faço este verso em segredo

Cuidadosamente explícito

Tal como o amor faminto nosso



Tal como a saliva no escuro

A mordida que te dou na alma

E ferimos um ao outro.



Com essência que não mais é pessoal

E sim um cheiro partilhado

Que se espalha pelas paredes de meu quarto



Onde se esconde a humanidade

E habita o gemido de liberdade

Lá habitamos e lá é feita nossa cama.



E como dois pedaços avulsos

-Do lado outrora perdido-

Somos agora unidos por mãos fortes



Não as mãos de um destino obsoleto

Mas por nossas próprias

Mãos capazes de milagres silenciosos



-Talvez e com certeza talvez-

Pomos ao chão os santos estáticos

Pois é por tua alma que prezo



Sinto como se perdesse os orgãos!

E todos eles fossem engolidos por ti

Pois a leveza depois do grito



Não cabe em uma trinca versada

Tampouco em um soneto camoniano

Cabe simples em um verso extenso e denso:



-Talvez e com certeza talvez-

Amo a tua carne unida a minha

Do tamanho de minha mudez





Quando por acaso comparo

A precisão de nosso contato

Com a velocidade que damos ao tempo.





Hesaú Rômulo

28/03/08

São Luís-MA