Perder pai e mãe, não atingir a glória nem a felicidade, não ter uma amigo nem um amor — tudo isso se pode suportar; o que se não pode suportar é sonhar uma cousa bela que não seja possível conseguir em ato ou palavras.
(PESSOA, Fernando. “Na floresta do alheamento”)
Eu não suporto ver uma impossibilidade
Olhar-me nos olhos austera e fixamente
Como se o meu desejo fosse incoerente
E me servisse muito mais a realidade
Cotidiana de que se serve toda a gente.
Ora, o meu talento é a expressão da honestidade
Em que Deus se meteu ao criar a humanidade.
Não pode ser, portanto, aquele incoerente.
Mas descubro que o é. E o que acontece em mim,
Dentro de mim, comigo, é uma explosão total
E esquizofrênica da realidade em si:
O vergastar do vento muda a direção
Do meu desejo... E o que ora me resta, afinal,
É só para eu poder não me esquecer de mim.
(Rodrigo Della Santina)
sexta-feira, 8 de janeiro de 2010
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ResponderExcluirParabéns por mais este cantinho onde podemos mergulhar num universo ricamente poético. E,claro, ótimo poema para inaugurar esta trinca.
ResponderExcluirMuito sussesso e inspirações "criminosas"!
Fabi
Obrigado, meu amor. Vamos, os três poetas, versejar o melhor que podemos.
ResponderExcluirE obrigado especialmente por ter gostado dde meu soneto.
Um beijo e outro enormes!
Seu,
Rodrigo
O poeta renasce nesse novo ano.
ResponderExcluirExcelente poema Della Santina: primazia e genialidade!
Opa, meu caro amigo! Obrigado pelas palavras tão elogiosas. Fico feliz que tenha gostado do poema. Gratificante.
ResponderExcluirGrande abraço,